Em 1988, eu tinha 9 anos.

nome
estranho,
né?
Em 1988,
eu tinha 9 anos.
Lembro de uma prova de
interpretação de texto na
escola. Recebi as folhas
grampeadas, li, interpretei, respondi
e terminei cerca de 25 minutos
depois. Quando entreguei para a
professora, ela se virou para
os alunos e perguntou:
Mas, ser estranho
nem sempre é problema.
CARA DE COOL é um jeito
de enxergar a vida.
É saber rir de si mesmo,
com leveza e bom-humor.
É o oposto de CARA DE COO.
E de onde vem essa
história maluca?
Dá uma olhada:
"vocês acham que o Bruno pode
ter terminado em meia hora?"
A turma inteira respondeu: “Nããão”.
Tive que voltar ao meu lugar
porque, aparentemente, era proibido entregar prova antes de
45 minutos. Ali, eu tinha duas opções.
Ficar puto, pegar minha caneta
e continuar um trabalho que já tinha
concluído. Ou rir da situação.
Eu ri da situação.
Mentalmente, mas ri. Voltei para a
minha mesa, esperei o sinal tocar
(45 minutos!), entreguei a prova e, olha que maneiro, tirei um notão.
Ah, será que eu sou um gênio?
Claro que não. Gênios se esforçam menos
para brilhar porque, uau, são gênios
– não é meu caso.
Apenas acredito que qualquer pessoa
que mistura um pouco de inteligência
e bom humor para preservar a
autoestima pode chegar onde quiser.
Meu maior aliado, em qualquer
situação, sempre foi o senso de humor. Sempre.
E foi lá, na tal prova de
interpretação de texto, que fiz uma
das escolhas mais importantes
da minha vida: troquei a cara de coo pela cara de cool.

Consegui ficar numa boa em uma
situação que tinha tudo para ser uma
catástrofe porque enxerguei o lado
divertido das coisas (acredite, ele
sempre existe). Troquei mau humor por
bom humor, troquei irritação por
“foda-se” e, o mais cataplóftico para
a vida de uma criança, troquei o
risco de me sentir diminuído pelo prazer de não levar as coisas tão a sério.
Bruno Israel